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domingo, 3 de maio de 2009

O PROFESSOR E A DOCÊNCIA: O ENCONTRO COM O ALUNO
Marlene Grillo

Resumido por Tiago Ribeiro e revisado por Kelly Martins

O texto de Marlene Grillo faz uma reflexão sobre o que é a docência: o verdadeiro papel do professor no que abrange o ensino em si, a atividade docente e o significado de Didática. Como professora de Didática, Grillo instiga a pensar e “re-pensar” o ser, o saber e o fazer docente.
No primeiro tópico, a autora aborda “o deslocamento do encontro”, ou seja, o como o indivíduo chega ao encontro (encontro de ensino-aprendizagem), com seu conhecimento construído, e o papel da prática da mediação entre o conhecido e novo conhecimento por parte do professor, que deve assumir a condição de “professor – investigador”, instigando o aluno a refletir e repensar seus conceitos, como explica: “debatendo, trocando ideias, questionando hipóteses, propondo e analisando o novo e estimulando sínteses originais sobre o já sabido.”
Essa ação de instigação provoca o deslocamento de conceitos, e o resultado desse deslocamento, dessa reflexão e ação é o que podemos ver no último tópico, e consiste na “recomposição pelo encontro”, no qual o sujeito desconstrói e reconstrói seu conhecimento.
Mas, segundo Grillo, para que haja verdadeiramente esse deslocamento seguido de recomposição, é necessário que o professor domine as duas ideias-chave que mobilizam a docência: a instabilidade do contexto da sala de aula e o sentido de totalidade do ensino.
A primeira ideia, a de instabilidade, nada mais é do que dizer que não há formulas para o funcionamento da vida em sala de aula. Isso porque, como afirma Houot no texto de Grillo, “(...) Você tem diante de si um público que nunca é o mesmo e sabe preparar-lhe surpresas (...)”. Assim sendo, o professor deve saber improvisar para poder ensinar com eficácia, sabendo sempre cruzar seus conhecimentos teóricos com práticos, necessitando exercitar sua sensibilidade e intuição para realizar a leitura do ambiente e agir sobre e a partir dele.
Se assim não acontecer, o professor tende a perder o vigor da docência, caindo na mesmice, na “inércia”, acarretando na falta de interesse docente por inovações, podendo inclusive não encontrar mais significado verdadeiro em atividades propostas rotineiramente, como afirma a autora no primeiro subtópico desenvolvido (“A instabilidade do contexto da aula”).
Já na segunda ideia-chave, “o sentido de totalidade da docência”, Marlene Grillo ressalta que a docência envolve o professor em sua “totalidade”, tendo suas práticas docentes analisadas sob quatro dimensões distintas, mas convergentes: a dimensão pessoal, a prática, a contextual e a de conhecimento profissional. Logo, o professor é um sujeito inteiro, e é como sujeito inteiro que ele se relaciona e assume compromisso com o aluno, consigo mesmo, com o conhecimento e com a sociedade, não podendo mais reduzir a prática docente a uma linhagem especificamente técnica, e sim a um resultado da totalidade do sujeito docente.
Na dimensão pessoal, temos a indivisibilidade da figura do professor no que concerne aos âmbitos pessoal e profissional de seu sujeito. O professor, sendo um sujeito, é portanto subjetivo, e ao entrar em sala de aula carrega consigo toda sua subjetividade: seus valores, ideologias, teorias e o que mais lhe acompanhar, cruzando sua maneira de ser com sua maneira de ensinar e vice-versa. Mas o que ele deve saber, independente da linhagem de teoria e/ou ação, segundo Marlene Grillo, é que a prática educativa, uma mistura de construções cognitivas e afetivas, deve estimular o aluno a diferentes - mas correlativos - aprendizados: “o aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser.”
Outra dimensão, a que se refere ao agir docente, às direções seguidas pelo professor em meio à complexidade da sala de aula, sem esquecer de cruzar os saberes teóricos com os práticos, formais e empíricos. O conhecimento profissional docente, por sua vez, se refere aos conhecimentos indispensáveis para a prática pedagógica, que articula o eixo científico, o psicopedagógico, o empírico e o resultante da prática pedagógica embasada pela reflexão crítica acerca da mesma.
O diferencial do conhecimento profissional docente em relação aos outros segmentos profissionais é, conforme a autora, que esses quatro eixos constituem um todo flexível, dinâmico e atualizável para se adaptar às exigências da vida educacional, não havendo limites precisos ou um conhecimento definido aplicável a casos concretos, dada a subjetividade e complexidade do processo de ensino-aprendizagem.
Já a quarta dimensão é o que o torna mais acessível e interessante o processo de ensino-aprendizagem para o estudante: a dimensão contextual. É o que abre a prática docente para a realidade do aluno, tornando a aula mais dinâmica e mais acessível a apropriação do conteúdo pelo aluno, na maioria das vezes fazendo ele se interessar mais, assim como ter mais prazer ao aprender.
Para concluir seu artigo, a doutora em Educação enfatiza que a Didática, matéria mais que obrigatória na formação de todo e qualquer docente, consiste em muito mais do que ensinar “novas técnicas para passar a matéria e o conteúdo”, e sim trabalhar a união do teórico com o prático no agir docente, estimulando ao exercício fundamental da afetividade e receptividade, trabalhando a importância do improviso e da flexibilidade, destacando o papel do afeto, da ternura, do acolhimento, da “relevância do equilíbrio entre a seriedade e o bom humor”, ou ainda, do exercício da descontração sem perder os objetivos e a autoridade.
Enfim, Grillo nos diz que a atividade docente abrange o professor como um sujeito inteiro, e não só alguém que exerce a prática docente com conteúdos e técnicas, e que é esse professor, em sua totalidade, que é o sujeito promotor dos encontros com os alunos. Promotor no sentido de promover, de mover, de dar impulso, de provocar a mudança, ou seja, o “deslocamento do encontro” e que, com a formação contínua e ideal de aliar afetividade e cognição, conhecimento, promove o “deslocamento do encontro” e a “recomposição pelo encontro”, essenciais em todo real processo de ensino-apredizagem.

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